Numa altura em que tanto se fala de crise, nem sempre se
conseguem identificar os setores onde ela mais interfere, resultando daí
consequências devastadoras para o nosso quotidiano.
Provavelmente, para sermos rigorosos, teríamos que enumerar
uma infindável lista de potenciais candidatos a culpados pela tão famigerada
crise, ouvir fastidiosos discursos, quase todos eles relacionados com as
oscilações dos mercados internacionais, agências de rating, etc.
Pois bem, sou daqueles que entende que o maior problema não
é o superficial, não é aquele que alimenta o dia-a-dia da comunicação social,
dos locais de trabalho ou das redes sociais, estes apenas servem de camuflagem ao
grande folclore que se faz em torno de toda esta temática, que vezes sem conta esconde
o verdadeiro problema, ou seja, a incompetência de quem ocupa os cargos de
decisão, quer sejam eles públicos ou privados, associados à educação, à
produtividade, à gestão, à saúde entre outros, muitos outros.
Neste aspeto, ocorre-me algo determinante, que deveria ser o
verdadeiro alicerce das mais diversas estruturas que suportam a nossa
sociedade, estou naturalmente a referir-me à capacidade de Liderança, que infelizmente
nesta conjuntura, apenas se consegue notar a falta dela.
Ouço enumeras pessoas a falarem deste conceito, mas muitos,
certamente desconhecem o seu verdadeiro significado.
Suporto esta afirmação nas
várias decisões que diariamente tomam, influenciando cidadãos que ao longo das
suas vidas sempre foram e continuam a ser excelentes filhos, pais, cônjuges, companheiros, profissionais
e amigos, que de um momento para o outro vêm tudo aquilo que construíram desmoronar-se
devido à já referida incompetência, traduzida em decisões dos “pseudo líderes” a
que grande parte de nós está sujeito.
Posto isto, deixo aqui algumas noções de Liderança
recorrendo a um autor consagrado e com variadíssimas provas dadas de
competência nesta área tão fundamental, Idalberto Chiavenato.
Apenas vou listar alguns itens referentes a duas características
que deveriam ser indissociáveis do verdadeiro líder, a primeira intitulada “Traços
de personalidade do Líder” e a segunda “Qualidades de um Líder eficaz”.
“Traços de personalidade do Líder”
- Inteligência;
- Otimismo;
- Calor humano;
- Capacidade de
comunicação;
- Mente aberta;
- Empreendedor;
- Empatia [carisma, poder de cativar os
outros];
- Assunção de riscos;
- Criatividade [inovar nos processos, produtos,
serviços. O líder procura soluções originais e inovadoras]; Tolerância ;
- Impulso
para a ação [não adotar uma postura de isolamento no gabinete a estudar os
relatórios e mapas]; Entusiasmo [energia, capacidade de mobilização para a
ação];
- Disponibilidade para ouvir [ouvir e depois decidir];
- Visão do futuro
[necessidade de antecipar o futuro];
- Flexibilidade [Não adotar uma postura
fanática na defesa de uma causa ou ideia];
- Responsabilidade;
- Confiança [aspeto
relacionado com o próprio ambiente da Instituição];
- Maturidade [idade, mas não
só...];
- Curiosidade [questionar, atualizar-se];
- Perspicácia.
“Qualidades de um Líder eficaz”
- Dá importância às pessoas;
- Escuta com atenção;
- Demonstra
tato;
- Reconhece os méritos dos outros;
- Mostra-se coerente;
- Reconhece os seus
erros;
- Tem sentido de humor;
- Dá um bom exemplo.
Bem sei, que para a maioria dos leitores deste meu
desabafo em forma de artigo, apenas o conseguem compreender como um mero
exercício ficcional ou então mais um daqueles excertos que tem como principal objetivo a vertente humorística, tamanha a disparidade existente entre a teoria acima listada e a prática dos nossos lideres, "chamemos-lhes assim".
No entanto, cabe a cada um de nós mostrar que estamos atentos e
que também temos direito a ser bem liderados, mesmo que esses lideres não consigam
cumprir com todas as sugestões de Idalberto Chiavenato, pelo menos que mostrem
empenho na tentativa de as colocar em prática, pois na maioria dos casos são indivíduos pagos principescamente à custa do nosso trabalho e competência.